26 julho 2015

Lira, Lirinha, Lírico.

       O Labirinto e o desmantelo é o segundo disco de trabalho solo do cantor pernambucano Lira – ou Lirinha, como tornou-se conhecido. Não se limitando a um regionalismo, Lira firma-se no cenário musical brasileiro como um cantor sem classificação, ou acima delas. É um artista de personalidade forte, que tem como característica de seu trabalho o experimentalismo.
O disco já começa intenso na capa, arte feita por Renan Costa Lima, cujo psicodelismo se concretiza nas cores marcantes, nos contrastes e no desenho de contornos não muito bem definidos. Com produção de Pupillo, baterista do Nação Zumbi e participação da cantora Céu, o álbum foi gravado metade em Recife, metade em São Paulo.
Influenciadas pelo punk-rock, o psicodelismo dos anos 70 e a Literatura Fantástica, as onze faixas do CD nos fazem mergulhar em um universo lírico, onde a poesia das letras dialoga com a sonoridade das músicas, que mistura guitarras, eletrônico e instrumentos clássicos.
Se o desmantelo é para Lirinha o desarranjo da ordem labiríntica, “O Labirinto e o desmantelo” é, para nós, o desarranjo das emoções comuns.  Escutar o disco em questão é estar disposto a mergulhar em uma aventura musical, mesmo tendo sido avisado que só durará trinta e cinco minutos.




26 julho 2013

A escolha ...

Enquanto escrevia "O Começo...", fui percebendo que o texto servia de metáfora a um assunto, não tão abordado, mas comum ao nosso dia a dia, uma simples troca de roupa.

Mas será que é tão simples assim? Nossas roupas podem falar de nós muito mais do que imaginamos, moda também é arte e, consequentemente, expressão.Se vestir é reduzir seus sentimentos, ideais, experiências e percepções em algumas peças, o que para começo de conversa não é nada fácil.

E essa é uma questão mais complexa ainda, pois se liga a muitas outras, como por exemplo, o Consumo Consciente. Nada mais prático do que passar o dia inteiro no shopping, provando várias roupas, olhando diversas vitrines, mas você já se perguntou o que tem por trás daquelas araras? 

Não é só porquê você achou a roupa "ideal" que você deve ignorar o que vem com ela. Comprar uma peça significa apoiar tudo aquilo que a sustenta, a marca, as propagandas, a produção ... Você já pensou que por trás daquele blazer com o caimento perfeito, crianças foram exploradas para produzi-lo? E que tal se a fábrica joga todo os seus resíduos no meio ambiente, poluindo-o? Mas esse é um assunto que eu prefiro abordar mais pra frente, vamos então voltar a "Simples troca de roupa"

Abrimos nosso guarda-roupa, e em meio a tantas peças nos sentimos sufocadas, mas não por elas em si, e sim pela pressão da sociedade para elas serem usadas de forma "correta". São inúmeras regras que vão reduzindo cada vez mais nossas possibilidades, 'Nada de decote, pois é vulgar', 'Rasteira em casamento? Nem pensar!, 'Troca essa sapatilha por um salto, você não é mais criança'. Nosso guarda-roupa já está de cabeça pra baixo, mas finalmente conseguimos nos vestir e vamos então checar.

Chegamos na frente do espelho e tomamos um susto! Nos deparamos com aquela roupa vazia, sem sentimento, expressão, que nem mesmo o nosso melhor conhecedor nos reconheceria naquele estado.

Concluímos então que como todo bom artista, você deve usar das suas ferramentas para transparecer o que
 você é, e não o que os outros querem que você seja. Uma arte sem verdade, sem sentimento, ou até sem convicção, não tem valor algum.